A Amazônia sempre despertou interesses os mais variados, não apenas dentro do país e do continente sul-americano, mas de todo o mundo. A vastidão do território, com baixa concentração demográfica, as grandes florestas, a diversidade da fauna e da flora, as populações silvícolas, as belezas naturais, aqui incluindo o próprio rio Amazonas, não se descuidando das riquezas minerais aí existentes, em conjunto esses elementos converteram a região em um lugar misterioso, exótico, dando asas à imaginação popular. (MIYAMOTO, Shiguenoli)

A construção da Amazônia como uma região cuja importância a coloca fora das definições e normas da soberania nacional talvez sirva, para perpetuar às ansiedades brasileiras para com a cobiça internacional a tendência a tratar a Amazônia como uma fonte de recursos internacional ou ainda mundial. Aliás, como se é visto os recursos naturais da Amazônia são inesgotáveis, e o que a região oferece a qualquer pessoa com habilidade, capital e, sobretudo, tecnologia a possibilidade de explorá-los. Obviamente, este estoque infinito de recursos livra o empresário de qualquer preocupação com a questão da preservação ambiental.
Por seu potencial biológico e mineral, a Amazônia tem sido vista como reserva estratégica mundial. Pressões econômicas e ataques políticos são frequentes. As riquezas da região, mais do que as preocupações ecológicas, levam os países desenvolvidos a contestar nossa soberania, sob o pretexto de proteger o interesse coletivo e preservar o meio ambiente, evitando o desflorestamento e as alterações climáticas e meteorológicas. Sendo que o Brasil tem todas as condições para definir um projeto racional de desenvolvimento, ocupar e desfrutar as riquezas da região. Não é necessário abrir mão da nossa soberania para se realizar uma ocupação inteligente, economicamente viável e ambientalmente sustentável. Ao contrário: essa é a forma de neutralizar as pressões internacionais que se escondem por trás de certos discursos.
Não podemos nem precisamos abandonar a ideia de desenvolvimento. Nem devemos, por outro lado, defender o desenvolvimento feito a qualquer custo ambiental, como se ele fosse um exercício legítimo de soberania. E a resposta brasileira de afirmação soberana tem de ser a implementação de um processo de desenvolvimento sustentável. É evidente que existem inúmeros obstáculos, de formulação e de execução, mas também existem aparentes potencialidades para superá-los. Sendo que o principal desafio como expõe Marcio Henrique, em seu livro Amazônia: Soberania e Desenvolvimento Sustentável, é compatibilizar interesses legítimos, em uma sociedade estratificada e heterogênea, com um projeto de desenvolvimento sustentável. Desta forma Marcio define o desenvolvimento sustentável na Amazônia como se tratando:
(...) de um modelo de produção e ocupação da região que minimize os impactos ambientais negativos e o desperdício de recursos; respeite o clima e as populações locais; desenvolva e explore racionalmente as riquezas existentes. Mais fácil falar do que de fazer.
É fundamental zelarmos pela soberania e pelo desenvolvimento nacional, lançando as bases de um desenvolvimento que seja civilizatório. Definir um modelo de desenvolvimento que não desperdice recursos valiosos é um desafio que só pode ser vencido com uma política criativa e uma coerente ação de Estado. O desenvolvimento sustentável da Amazônia brasileira é o principal instrumento para a defesa da soberania.
REFERENCIAS
CASTRO, M. H. M de. Amazônia: Soberania e Desenvolvimento Sustentável. Brasília, DF: Confea, 2007. Disponível em: < http://www.confea.org.br/media/Livro_Amazonia.pdf >
MIYAMOTO, Shiguenoli. Amazônia, Política e Defesa. Disponível em: < http://www.ufpa.br/obed/pdfs/amazonia_politica_defesa.pdf >
WEINSTEIN. Barbar. Modernidade tropical: visões norte-americanas da Amazônia nas vésperas da Guerra Fria. Revista do IEB. n 45, p. 153-176. set 2007. Disponível em: < http://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/34587 >
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