terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Década perdida e o ajuste neoliberal

Se a década de 70 na América Latina pode ser caracterizada como a década do endividamento, os anos 80 se caracterizaram como os anos da crise, e também é marcada pelo processo de redemocratização. Já os principais fatos que marcaram e projetaram mudanças políticas na América Latina, durante a década de 90, tanto no âmbito político, como no econômico, encontram-se, em sua maioria, relacionados à ofensiva das políticas de cunho neoliberal que, neste período, avançaram significativamente nos países latino-americanos. Tais políticas, como se sabe, preconizam o conceito do Estado mínimo; o plano político e econômico se sobrepondo ao social; a descentralização, privatização e focalização das políticas sociais (pois as mesmas são vistas como o principal vilão dentro do contexto de extrema dificuldade do setor da economia), tendo os movimentos sociais potencial de relevância no que diz respeito à universalização das políticas públicas e uma maior democratização.

Já o Brasil no inicio dos anos 80, a dívida externa pública crescente, que financiava déficits públicos cada vez maiores, transformou-se em crise fiscal do Estado. Em 1989, com a eleição de Fernando Collor de Mello, tem-se o fim de um ciclo de confronto entre o projeto neoliberal e o socialismo democrático, sendo vitorioso o projeto neoliberal que propunha o livre mercado e menos Estado. O projeto neoliberal, que saíra vitorioso das urnas brasileiras graças, em grande medida, ao emprego político de técnicas semióticas de produção de subjetividades - operadas em particular pela TV Globo - implantou-se no Governo Collor, apresentando-se como um programa de desenvolvimento e modernização e provocando significativas mudanças na economia do país. 

Ao analisar o quadro geral apresentado nestes períodos – caracterizado pela instabilidade financeira global, a queda dos indicadores sociais, o aumento do desemprego e a lentidão do crescimento econômico – percebe-se que o mesmo não foi favorável às políticas neoliberais. O crescimento da economia latino-americana em taxas muito baixas resultou em um aumento das disparidades observadas entre a América Latina e os países desenvolvidos

Em cada país, um "mosaico de respostas específicas a estruturas políticas decadentes e aos cada vez mais altos níveis de desigualdade social e exclusão social". Em termos de governabilidade, estamos atravessando um momento extraordinariamente difícil devido ao desmoronamento dos partidos tradicionais, as corrupções praticadas por políticos e o surgimento de movimentos sociais.


REFERÊNCIA


MARANGONI, Gilberto. Anos 80, década perdida ou ganha? Disponível em: 

<www.controversia.com.br/uploaded/pdf/16447_ipeagovbr-anos-1980-dcada-
perdida-ou-ganha.pdf>


ROCHA, Mauricio. Democracia e Política Externa no Cone sul da América 
Latina. Disponível em: 
<http://www.becanestorkirchner.org/papers/Paper_Portugues-
Mauricio_Santoro_Rocha.pdf > 

LIMA, Andre Lucia de Souza. A ascencao dos governos de esquerda na America Latina no seculo XXI. Disponivel em: <http://br.monografias.com/trabalhos2/ascencao-governos-esquerda/ascencao-governos-esquerda.shtml>


NEOLIBERALISMO


HISTÓRIA DO BRASIL POR BÓRIS FAUSTO - REDEMOCRATIZAÇÃO

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

A Revolução de 1968: o movimento estudantil francês e seu eco nas Manifestações no Brasil em 2013



Caro leitor, nesta publicação, trataremos a cerca da Revolução de 1968. De inicio é importante ressaltarmos que em maio de 1968, uma greve geral irrompeu na França. Esta paralisação rapidamente adquiriu significado e magnitudes revolucionárias. Para muitos historiadores essa insurreição é considerada como o evento revolucionário mais importante do século XX, esta importância dada à revolução de 1968 é a atribuída ao fato de que este levante contou com a participação maciça das camadas populares, superou barreiras étnicas, culturais, de idade e de classe. Os ecos da Revolução de Maio 1968 atingiram vários movimentos de contestação que aconteceram nos anos posteriores a 68 e ainda são sentidos inclusive no século XXI. 

O estopim da revolução de maio 68 foi uma cadeia de agitações entre estudantes e autoridades da Universidade de Paris, em Nanterre. A medida adotada pela administração, de fechar a universidade e expulsar os estudantes acusados de liderarem o movimento contra a instituição provocou a reação dos alunos da Universidade de Sobornne. Que saíram as ruas para protestar contra a situação vivida pelos estudantes da Universidade de Paris. Entretanto os protestos foram violentamente reprimidos pela policia francesa, a repressão aos protestos dos estudantes acabou por aumentar a importância das manifestações que receberam apoio de diversos seguimentos da sociedade francesa. Ao prestarem seu apoio à causa dos estudantes, os diversos seguimentos sociais que se incorporaram ao movimento deram a prova de que diferentes grupos podem lutar por objetivos únicos. A superação das barreiras étnicas, culturais, de idade e de classe, se constituiu como o grande legado da Revolução de 1968.

O legado da Revolução de 68 permanece vivo e influenciando movimentos sociais mesmo depois de passados 40 anos. Um exemplo claro disso pode ser percebido quando analisamos os Protestos no Brasil em 2013, uma característica dos protestos do Brasil com relação à aos protestos dos estudantes franceses em 68. E o da participação maciça das camadas populares, que deixaram de lado suas divergências politicas, sexuais, religiosas, classes, idade, étnicas e culturais. Nas manifestações do Brasil que se iniciou primeiramente por conta da contestação do aumento das tarifas de transporte que aconteceu em todo o país e gerou descontentamento quase que geral da população brasileira.


  Manifestação em São Paulo no dia 20 de junho, na Avenida Paulista
Mais de 100 mil manifestantes se reuniram no centro do Rio de Janeiroda Avenida Rio Branco até a região da Cinelândia.

Na medida, que as manifestações foram ganhando mais adeptos, foi crescendo o número de manifestações em todo o Brasil, e o movimento que surgira por meio de protestos contra o aumento da tarifa de transportes. Tornou-se plural e passou a reivindicar melhorias na saúde, educação, segurança, moradia etc. Os manifestantes brasileiros não deixaram de expressar sua indignação contra a corrupção. Os movimentos foram duramente reprimidos pela polícia. Mas no geral as manifestações no Brasil em 2013 obtiveram grandes conquistas e nos mostram como que as diferenças podem e devem ser deixadas de lado quando se luta por um bem maior. 

REFERENCIAS

1968 - A Revolução Inesperada. 
Disponível em: <http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/1968.htm>

O que foi o Movimento de Maio de 68 na França? 

A Amazônia na Guerra Fria: meio ambiente, desenvolvimento e soberania


A Amazônia sempre despertou interesses os mais variados, não apenas dentro do país e do continente sul-americano, mas de todo o mundo. A vastidão do território, com baixa concentração demográfica, as grandes florestas, a diversidade da fauna e da flora, as populações silvícolas, as belezas naturais, aqui incluindo o próprio rio Amazonas, não se descuidando das riquezas minerais aí existentes, em conjunto esses elementos converteram a região em um lugar misterioso, exótico, dando asas à imaginação popular. (MIYAMOTO, Shiguenoli)
Com o fim da Guerra Fria, os Estados Unidos assumiram a posição de única superpotência. A soberania das nações ficou ameaçada por uma política agressiva, associada a um processo avassalador e assimétrico de globalização econômica e cultural: poucos globalizam e muitos são globalizados.

A construção da Amazônia como uma região cuja importância a coloca fora das definições e normas da soberania nacional talvez sirva, para perpetuar às ansiedades brasileiras para com a cobiça internacional a tendência a tratar a Amazônia como uma fonte de recursos internacional ou ainda mundial. Aliás, como se é visto os recursos naturais da Amazônia são inesgotáveis, e o que a região oferece a qualquer pessoa com habilidade, capital e, sobretudo, tecnologia a possibilidade de explorá-los. Obviamente, este estoque infinito de recursos livra o empresário de qualquer preocupação com a questão da preservação ambiental. 

Por seu potencial biológico e mineral, a Amazônia tem sido vista como reserva estratégica mundial. Pressões econômicas e ataques políticos são frequentes. As riquezas da região, mais do que as preocupações ecológicas, levam os países desenvolvidos a contestar nossa soberania, sob o pretexto de proteger o interesse coletivo e preservar o meio ambiente, evitando o desflorestamento e as alterações climáticas e meteorológicas. Sendo que o Brasil tem todas as condições para definir um projeto racional de desenvolvimento, ocupar e desfrutar as riquezas da região. Não é necessário abrir mão da nossa soberania para se realizar uma ocupação inteligente, economicamente viável e ambientalmente sustentável. Ao contrário: essa é a forma de neutralizar as pressões internacionais que se escondem por trás de certos discursos.

Não podemos nem precisamos abandonar a ideia de desenvolvimento. Nem devemos, por outro lado, defender o desenvolvimento feito a qualquer custo ambiental, como se ele fosse um exercício legítimo de soberania. E a resposta brasileira de afirmação soberana tem de ser a implementação de um processo de desenvolvimento sustentável. É evidente que existem inúmeros obstáculos, de formulação e de execução, mas também existem aparentes potencialidades para superá-los. Sendo que o principal desafio como expõe Marcio Henrique, em seu livro Amazônia: Soberania e Desenvolvimento Sustentável, é compatibilizar interesses legítimos, em uma sociedade estratificada e heterogênea, com um projeto de desenvolvimento sustentável. Desta forma Marcio define o desenvolvimento sustentável na Amazônia como se tratando: 
(...) de um modelo de produção e ocupação da região que minimize os impactos ambientais negativos e o desperdício de recursos; respeite o clima e as populações locais; desenvolva e explore racionalmente as riquezas existentes. Mais fácil falar do que de fazer.
É fundamental zelarmos pela soberania e pelo desenvolvimento nacional, lançando as bases de um desenvolvimento que seja civilizatório. Definir um modelo de desenvolvimento que não desperdice recursos valiosos é um desafio que só pode ser vencido com uma política criativa e uma coerente ação de Estado. O desenvolvimento sustentável da Amazônia brasileira é o principal instrumento para a defesa da soberania. 


REFERENCIAS
CASTRO, M. H. M de. Amazônia: Soberania e Desenvolvimento Sustentável. Brasília, DF: Confea, 2007. Disponível em: < http://www.confea.org.br/media/Livro_Amazonia.pdf >

MIYAMOTO, Shiguenoli. Amazônia, Política e Defesa. Disponível em: < http://www.ufpa.br/obed/pdfs/amazonia_politica_defesa.pdf >

WEINSTEIN. Barbar. Modernidade tropical: visões norte-americanas da Amazônia nas vésperas da Guerra Fria. Revista do IEB. n 45, p. 153-176. set 2007. Disponível em: < http://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/34587 >